quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Tenho gerado este sonho no coração a muitos anos, creio que Ele esta vindo a luz.
Fui criada vendo minha mãe compartilhar o pouco que tínhamos com quem nada possuía. Mas recebi de todos os idosos que moraram em nossa casa um pouco do amor e caráter deles. 

Tia Odete, irmã de minha avó, era viúva, nunca tinha tido filhos,e havia ficado surda, Aprendi com ela a ouvir com outros sentidos a natureza a observar o quanto a rotina era necessária, jogamos muito ludo com ela, assisti seu ultimo suspiro, eu ainda era uma criança,mas não quis deixa-la sozinha naquele minuto, como abandonaria uma amiga que me fazia companhia e sabia guardar segredos. 

Meu bisavô Chico, suas histórias da 1º e 2º guerra mundial, seu chapel de couro, terno bege e tamanco nos pés,nunca quis que minha mãe lhe prepara-se um outro prato de mingau, preferia comer o meu resto,minha mãe quase trasbordava meu prato e mesmo que eu quisesse ir até o fim, resistia meu desejo e me alegrava em velo comer na ansiedade de ouvir suas poesias e história de vida. Aprendi com ele a fazer uma laranja virá tangerina. Rsrsrs! Aprendi a conhecer o prazer de ouvir e contar histórias, 

Meu tio Jorge, na realidade tio de minha mãe , ele nunca casou ou teve filhos era alcoólatra desde os 9 anos de idade, minha mãe havia prometido a avó dela que cuidaria dele, quando ela casou já o levou junto. Eu era a única que ganhava presentes dele, me chamava de seu esquindinho, não sei o que é isso, mas eu o amava, descobri com ele que uma criança sofre quando ver quem você ama se destruindo no vicio. Ele viveu 17 anos acamado, só parava de imprecar com sua irmã Silma, quando eu chegava.

Nunca me faltou plateia, nunca me faltou amigos, nunca me faltou ensino. O idoso com suas memorias tem muito para compartilhar. Aprendi muito mais do que poderia escrever. Hoje Mora com minha mãe tia Silma ( 80 anos) que ficou viúva e nunca teve filhos, de seu ventre é claro, eu não esqueço que era ela e tia Neinha que nos vijiava enquanto brincávamos e todo dia das Mães tenho que levar lembrancinhas e cartinhas minhas e de meus filhos para ela, tia Neinha, minha avó e minha mãe.

Tia Neinha (65anos), ela também nunca casou, nem teve filhos, acho que tem algum tipo de deficiência mental,mas esta não a impediu de nos amar, proteger, e brincar. 

Minha avó Cely (85 anos) também ainda mora com minha mãe. Aprendi com ela ser constante na igreja, não murmurar do que não tem,não ter preguiça para fazer comida, receber com alegria uma visita, orar, amar os irmãos da igreja, servir no que for preciso, não se envaidecer ou se sentir superior por ser esposa do pastor, ter alegria de evangelizar... Nossa! Eu ainda aprendo muito com ela! Hoje além da alegria de ser sua neta sou sua pastora.

Aprendi com todos eles que para viver juntos temos que ser tolerantes, a repartir,.. Nosso país perde por não investir em suas crianças, que são o nosso futuro e por não aprender com nossas memorias que são nossos idosos.

Fui crescendo e dentro de mim surgindo um desejo de compartilhar com crianças , jovens e idosos o que aprendi. 

Hoje tenho projetos para crianças,mulheres, jovens, idosos e na área de sustentabilidades, alguns em andamento  e outros aguardando o momento de acontecer. 

Me apaixonei pela assistência social,mas tudo isso começou a surgir no silêncio, em secreto, dentro do coraçãozinho de uma menina de tranças, que foi muito amada por pessoas que desejavam fazer mais por ela, mas que a davam principios que dinheiro algum pode comprar.

Minha mãe achava esta salvando cada um destes  de seu sofrimentos, mas acho que nos salvávamos mutualmente.

                 Acredito que o mundo precisa ver Cristo em nossas atitude, e que todos tem algo para compartilhar e nem sempre este algo custa dinheiro.

             Compartilhe seu tempo! Compartilhe vida! Encontre-se ajudando alguém.
     

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